quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Os olhos do Dono


Terça-feira, mais ou menos 19 horas, deixei minha amiga Ana na Estação Rodoviária. Iria para Belo Horizonte onde mora. A reunião em que iríamos foi cancelada. Bateu uma fome em mim e meu filho. Pedi para ele aonde iríamos, o qual escolheu um lugar afastado do centro de Campo Grande, que segundo seu conhecimento era muito bom. O tempo estava para derramar chuva a cântaros. Chegando lá observei que era um lugar simples, tipo lanchonete de esquina.
Quando entrei qual foi minha surpresa: o estabelecimento apresentava uma harmonia fantástica. Durante a espera do prato solicitado, aproximou-se de nossa mesa um senhor e simpaticamente perguntou se estávamos bem servidos. Sim, estávamos. Garçons uniformizados com um sorriso no rosto. O prato não demorou a chegar - coisa que em certos restaurantes não existe.
Entre uma garfada e outra, continuei observando aquele senhor. Ia de mesa em mesa, conversava, afastava-se, observava o todo, chamava um funcionário, dava ordens. E a harmonia imperando o lugar. Sr. Duair Teodoro Garcia, o “Dudu do Bifão”, vila Coopasul, Campo Grande, MS.
Contava-me após o jantar que está ali há dez anos. Começou com seis jogos de mesas emprestados de um conhecido. Pessoalmente abre o Bifão às 17hora30min, todos os dias, e é o último a sair. Toda a família trabalha lá, filhos, filhas, genros e noras. E outro detalhe interessante é que um deles (filho, filha, genro, nora) fica com os netos (cinco), (cuidados amorosos de família).
O que esse episódio tem a ver com o contexto universal? O simples, o honesto, “os pés no chão”, a integridade familiar, o entender da vida real.
O simples é belo, o belo é simples. Gostei muito de sentir alegria em uma noite chuvosa de campo Grande, ao conversar com o “Dudu do Bifão”. Vou voltar com certeza. A humanidade precisa desses cidadãos precisos. O olho do dono abençoando o seu chão.
Parabéns Duair, parabéns Coopasul. Feliz daquele que for até lá saborear um bifão e alimentar a alma. Fica ali na Rua Cotegipe, 924. Vale a pena conferir.

Campo Grande, 26 de janeiro de 2011.


Nena Sarti



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